Legenda: Pedra do Sal, região icônica do Rio de Janeiro, e símbolo da história e tradição afrobrasileira
A partir deste ano, o dia 20 de novembro passou a ser um feriado nacional no Brasil em comemoração ao Dia da Consciência Negra. Antes, alguns estados e municípios já reconheciam a data como feriado, mas agora a celebração se tornou nacional. A data relembra a morte, em 1695, de Zumbi dos Palmares, líder dos Quilombos dos Palmares e herói da resistência contra a escravidão.
Quilombos são comunidades formadas por pessoas escravizadas que escaparam e encontraram nesses locais um espaço de liberdade e resistência. Essas comunidades preservam e transmitem tradições africanas, que se misturam com elementos indígenas e europeus ao longo dos séculos. Hoje, muitas comunidades quilombolas ainda existem no Brasil, reconhecidas como guardiãs de uma rica herança cultural.
Eu já visitei dois quilombos no Estado do Rio de Janeiro: um no município de Quatis e outro no município de Valença, mais precisamente no Distrito de Santa Izabel. No dia 20 de novembro, eles costumam organizar grandes celebrações com danças tradicionais, como o jongo, e comidas típicas que remetem às suas origens africanas.
Infelizmente, não tenho fotos desses lugares, mas você pode conferir imagens e localizações do Quilombo São José da Serra, no Distrito de Santa Izabel, em Valença (RJ)
Na cidade do Rio de Janeiro, há um tour gratuito chamado Pequena África, que é muito interessante e e passa por alguns dos principais pontos importantes como o MUHCAB – Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira, o Cais do Valongo, que foi o principal ponto de desembarque e comércio de africanos escravizados nas Américas entre 1811 e 1831 e a Pedra do Sal, um dos primeiros localis de moradia da comunidade afro no Rio de Janeiro e ainda hoje palco de manifestações culturais e as famosas rodas de samba. .
Talvez você também encontre algum quilombo ou centro de tradição africana perto da sua região. Que tal fazer uma busca no Google Maps e explorar mais sobre essa parte tão rica da história brasileira?
Celebrando através da Gastronomia
Outra forma deliciosa de celebrar a herança africana é pela comida. Um prato que melhor simboliza essa cultura é o acarajé, um bolinho frito feito de feijão-fradinho, cebola e camarão seco, tradicional da culinária afro-brasileira. Eu sei que talvez não seja fácil encontrar acarajé em todas as regiões do Brasil, mas se você estiver na região de Porto Seguro, recomendo o Acarajé da Jaque. Eles têm alguns pontos pela cidade, como este em Coroa Vermelha, Santa Cruz de Cabrália: Acarajé da Jaque - Coroa Vermelha.
Outro prato comumente associado à herança afro-brasileira é a feijoada. Embora suas origens incluam influências europeias, ela foi adaptada pelas comunidades afro-brasileiras, tornando-se um símbolo cultural. Saiba mais sobre a feijoada neste link.
Eu particularmente como feijoada de duas a três vezes por mês. Recentemente descobri na minha cidade, uma feijoada super gostosa, muito bem servida. A dona do estabelecimento se orgulha da sua origem afro e traz isso no nome do estabelecimento: “Biroska da Negona”.
Legenda: Exemplo de uma feijoada que recebi em casa
Palavras de Origem Africana no Nosso Cotidiano
Nossa linguagem também carrega a influência das culturas africanas. Muitas palavras comuns no português brasileiro são de origem africana, como:
- Dendê (óleo extraído do fruto da palmeira)
- Quitanda (mercado ou loja de frutas e verduras)
- Moleque (menino travesso)
- Fubá (farinha de milho usada em receitas).
- Berimbau: instrumento de cordas, palavra de origem angolana
Capoeira: Dança e Resistência
Outra maneira de celebrar a cultura afro-brasileira é assistir ou participar de uma roda de capoeira. Essa mistura de luta, dança e música nasceu entre os escravizados como uma forma de resistência e conexão com suas origens. Hoje, a capoeira é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO e segue encantando pessoas ao redor do mundo.
Legenda: Uma aula de Capoeira na Bahia. No canto superior direito, você pode observar o instrutor tocando o Berimbau
Reconhecer e Celebrar
A escravização de pessoas africanas é, sem dúvida, um capítulo doloroso da história brasileira. No entanto, é fundamental reconhecer e celebrar as lutas, a resistência e a contribuição cultural dessas pessoas e de seus descendentes, que moldaram a cultura brasileira em inúmeros aspectos.
Que tal aproveitar este Dia da Consciência Negra para explorar um quilombo próximo, experimentar uma comida típica ou aprender mais sobre essa rica herança? Compartilhe suas experiências e descobertas nos comentários!