Olá,
Você já ouviu falar no Caminho Lebaniego?
Meu nome é Jone, e caminhar é um de meus maiores prazeres.
Em 1999 percorri a pé os quase 800 km que separam San Jean Pied do Port de Santiago de Compostela, pelo chamado Caminho Francês. Experiência única.
Dizem que a Santiago nunca se retorna, sempre se chega. mesmo assim quando resolvi refazer o Caminho, em 2018, fiquei receoso de me desmotivar pela quantidade enorme de peregrinos que atualmente percorre o Caminho Francês, absurdamente maior do que a de 1999. Assim, optei por percorrer o Caminho do Norte, partindo de Irun, fronteira com a França, rumo a Santiago.
Em 1999, esse era um Caminho com pouca estrutura, apesar de ser uma rota mais antiga. Dizem que após os Cavaleiros Templários terem assumido o compromisso de proteger os peregrinos, o Caminho Francês passou a desenvolver-se mais, por ser uma rota naturalmente menos difícil. Assim, o Caminho do Norte foi ficando deserto, até a última década, quando passou a desenvolver-se, estando hoje com uma estrutura, ao meu ver, comparável ao do Caminho Francês de 99, apesar de ser um caminho totalmente diferente.
Mas meu post não é sobre esse Caminho, e sim, sobre uma grata surpresa que tive, ao descobrir o Caminho Lebaniego, durante minhas pesquisas sobre o Caminho do Norte. Em 99, eu havia ouvido falar sobre outra rota cristã sagrada, mas após algumas buscas infrutíferas, acabou caindo no esquecimento (lembrem-se de que a internet estava engatinhando).
O Caminho Lebaiego é uma rota que segue o mesmo traçado do Caminho do Norte, entre San Vicente de La Barquera (eu iniciei em Santander) e Muñorodero. A partir daqui os caminhos se dividem, Tomando o Caminho Lebaniego
o rumo do Parque Nacional Picos de Europa.
A paisagem (e o Caminho) são de tirar o fôlego. Montanhas e rios, além de florestas dignas dos filmes medievais. Mas preparar-se é fundamental, pois quando não se está subindo, se está descendo, com exceção do período em que acompanhamos o Rio Nansa, por vários quilômetros.
O destino final do Caminho é Santo Toribio de Lébana, onde está depositada a Lignum Crucis, que é o maior pedaço da Cruz em que Cristo foi Crucificado. Reza a lenda, que o Braço esquerdo da cruz foi serrado e transformado na Cruz menor que hoje está depositada em San Toribio, dentro de um relicário.
Formou-se assim, após uma Bula Papal de 1512, o Ano Jubilar Lebaniego. São as quatro rotas Sagradas medievais: Jerusalém, Roma, San Toribio, e Santiago de Compostela.
Além do Caminho em si, existem várias alternativas de trekking pelo parque, conduzindo à vilas incrustadas no topo e encostas de montanhas, algumas acessíveis apenas por trilhas. Têm-se ainda, a opção de seguir para o sul, e encontrar-se com o Caminho Francês.
Maiores informações podem ser facilmente encontradas hoje no site mantido pelo Governo da Cantabria.
Bom Caminho!
